sábado, 10 de setembro de 2011

Eu te amo (Walber Wolgrand)

Eu te amo...
Pelo menos penso que te amo.
Talvez apenas pense e, por isso, às vezes, até creia.
Mas não apenas penso, vou além, sinto que te amo, isto é, penso que sinto.
E se apenas sentisse... Como saberia que te amo?
Por outro lado, se não existisses certamente eu não sentiria,
Nem pensaria essas coisas.
Tudo ocorre porque de alguma forma te percebo.
Mas ainda assim pode ser que eu não te ame.
A existência é condição, não o amor.
No entanto, eu percebo as outras pessoas, as outras coisas, os outros seres
E não os quero com tanta força.
Nisto alguma diferença reconheço,
E ela – a intuição de certa diferença – parece me autorizar
A dizer que te amo.
É estranho pensar o amor dessa forma,
A partir da diferença de algo que apenas permite a existência de outro ser.
Mas agora sei que para pensar o amor (que nutro por ti)
Preciso do mundo, mesmo que o negando.
Porque o objeto amado, como todo objeto,
Tem um conteúdo, uma forma, uma maneira de ser,
Que aos olhos do amante não se assemelha a nenhum outro.
A sensibilidade disso parece, de alguma maneira,
Garantir aquilo de que suspeitava:
De que te amo.
Pelo menos penso...

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O PT é 15 (Ou "Um caso de lógica "informal"")

* Texto elaborado em 2008, durante a campanha eleitoral para o cago de Prefeito de Belém (Cidade onde tudo é possível).

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Com a assertiva “o Ser é, o não-Ser não é” o filósofo pré-socrático Parmênides de Eléia inaugurou o que mais tarde a tradição ocidental chamou de LÓGICA FORMAL. Coube, porém, a Aristóteles a tarefa de sistematizar esse instrumento necessário para a elaboração de raciocínios válidos e corretos. Mas, cumpre-me dizer aos que tem pouca intimidade com a filosofia que a lógica não foi criada pelos filósofos. Ela sempre existiu na própria estrutura do pensamento. Nós, mesmo inconscientemente e em nível de senso comum, utilizamos, ao pensar, os princípios racionais da IDENTIDADE, NÃO CONTRADIÇÃO, CAUSALIDADE e TERCEIRO EXCLUÍDO. Assim, o ser humano tem tentado afastar o erro e construir pensamentos confiáveis por meio dos conhecimentos racionais: senso comum, arte, filosofia e ciência.

Porém, quando navegamos na seara da política tupiniquim, em especial na paroara, somos forçados a reconhecer que o raciocínio lógico é solene e descaradamente ignorado pelos nossos políticos profissionais, motivo pelo qual essa atividade gera grande descrédito em nossos concidadãos. Afinal, como confiar em algo tão contraditório como a maneira de fazer política em nosso Estado? Qualquer espírito atento fica estupefato com os argumentos elaborados pelos nossos representantes políticos, que, sem pretensão universal, se alinham apenas aos próprios umbigos.

Para exemplificar – e para tristeza dos petistas ortodoxos – foi propalado em cadeia estadual de televisão, pelo candidato do Partido dos Trabalhadores à prefeitura de Belém, Mario Cardoso, que agora “o PT é 15”. Logicamente é um absurdo, todos sabem que o PT é 13 (ou era), mas na prática significa que o partido apóia, no segundo turno das eleições municipais da nossa capital, o candidato do PMDB José Priante (Coisa inimaginável há algum tempo atrás).

E para complicar mais as nossas limitadas cabeças, a governadora Ana Júlia, que se diz petista, não apoiará o candidato Priante; logo, para ela, o PT não é 15; ou, quem sabe, ela não é 13; ou ainda, talvez, o 13 é (e não é) 15; sei lá...

Isso não importa. Os pensamentos rigorosos, lógicos e com validade universal são coisas de filósofos e cientistas. Na política não há necessidade de tanto rigor assim. O branco pode ser preto que não faz mal algum. É só falar 10 ou 20 vezes alguma coisa que ela se torna verdadeira. Esse pessoal já percebeu que não é o pensamento racional que mobiliza as pessoas, logo pouco importa se os argumentos são contraditórios ou não (quem observará isso?). A única lógica que importa é a do PODER, do fisiologismo político e dos interesses individuais.

Assim, seguindo caminho contrário ao dos políticos paraenses, analisemos os seguintes silogismos para verificarmos se assiste alguma validade aos argumentos até aqui apresentados:

Se o PT é 15
E o 15 não é 13,
Logo o PT não é 13.
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Se o PT é 15
E a governadora não é 15,
Logo a governadora não é petista.
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Se o PT é 15
E o 15 tem como “manda chuva” o Jader Barbalho,
Logo o Jader Barbalho é o “manda chuva” do PT.
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Se o PT é 13 e 15 ao mesmo tempo
E uma coisa não pode ser duas ao mesmo tempo,
Logo o PT não é coisa alguma.
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Se o 15 tem o poder
E o PT que era 13 e virou 15,
Logo o PT é “fisiológico”.
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Se o PT dizia que o 15 não era honesto
E o PT virou 15,
Logo o PT virou desonesto.
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Se o PMDB é 15
E Mário e Jordy “viraram” 15,
Logo todos são “farinha do mesmo saco”.

Como vimos, a política é o campo da instabilidade lógica, onde tudo pode “ser ou não ser dependendo da questão”. Mas não quero dizer que não possamos mudar de opinião – é claro que podemos e devemos -, mas, como filósofo, não posso concordar com mudanças que contrariem a boa lógica e com a qual tentem, por um aborto da coerência e moralidade públicas, nos convencer de que "A não é A", tratando-nos simplesmente como se fossemos o resultado do cruzamento da égua com o jumento.